Tibério Azul
Tibério Azul
Dizer que o disco de um músico pernambucano é original e diferente de tudo o que tá rolando no resto do Brasil, é um pouco redundante pra quem conhece da água que se bebe por lá. Então, vou tentar uma outra forma para falar do disco de estréia de Tibério Azul, mas antes vamos começar pela trajetória do rapaz.
No início de 2004, a música pernambucana entrava em nova ebulição. Vários grupos estavam testando outras sonoridades depois de toda onda manguebit que aconteceu uma década antes. Tibério Azul fazia parte de um desses grupos, e seu início de carreira com a Mula Manca & a Triste Figura(depois virou Fabulosa Figura), aconteceu exatamente no meio desse turbilhão de sons que vivia a cena recifense. A Mula Manca tentava marcar território com sua música pop bastante elaborada e cheia de conceitos linguísticos. Gravaram dois discos completamente diferentes entre eles, mas que de algum jeito, já determinavam o caminho que Tibério queria seguir.
Entre a sua primeira banda e “Bandarra”, seu primeiro disco solo, ouve um azeitamento e crescimento artístico, graças a Chico Buarque. Sim, Chico buarque! Eu explico: No meio do caminho, Tibério formou o, Seu Chico, banda que só toca os clássicos de Chico Buarque, e pra cantar as pérolas de Chico, o cara tem que se garantir como intérprete. Tibério Azul abraçou a causa e fez com que a sua performance a frente da Seu Chico ficasse maior que os palcos onde a banda se apresenta. Mas para que ficar cantando músicas dos outros se você tem talento para fazer as suas próprias canções? Azul juntou esse punhado de canções que estavam guardadas na sua cabeça e resolveu sair a procura das pessoas certas para organizar as idéias.
Lembro quando ele apareceu no estúdio Das Caverna querendo que eu, Chiquinho (Mombojó) e Homero Basílio produzisse seu disco. O desafio maior era: não tinha banda, apenas um violão, suas canções e uma imensa vontade de trabalhar. Quando ele nos contou o que estava pensando para o disco, fizemos as nossas considerações e entramos em estúdio com uma banda de apoio em mente. Daí apareceram Yuri Queiroga (guitarra), Márcio Silva (bateria) e Areia (Baixo acústico) e ficou estabelecido que faríamos algo entre o jazz e o rockabilly, mas sem deixar de pensar num som completamente simples, brasileiro e carregado da brejeirice que Tibério transborda nas músicas e no jeito de viver.
Com os músicos a postos e o estúdio aberto, as sessões de gravação foram acontecendo numa velocidade incrível. Parecia que aquela formação tocava junto há 50 anos. A cama melódica caiu como uma luva para as belas composições de Tibério. A poesia do rapaz cresceu tanto, que várias idéias de overdubs com outros instrumentos foram abandonadas, ficando apenas o simples: baixo, guitarra e bateria. Mesmo as músicas que tem a participação de um quarteto de cordas ou da metaleira da Trombonada através de Nilsinho Amarante, foram pensadas para deixar a poesia de Tibério Azul ainda maior. E aí, seu canto leve ficou a vontade para costurar suavemente, como uma rendeira de Passira, as suas memórias em forma de música.
Me arrisco a dizer que Tibério Azul será um dos grandes compositores da música brasileira, e se isso ainda não se consolidou, é porque ele está apenas em seu primeiro vôo.
Aguarde os próximos capítulos.
Por: China.
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